Sobre nós

Os Nalus são um povo de origem mestiça do Sudão

De acordo com suas tradições, eles viviam originalmente em Meca, onde trabalhavam de forma obrigatória na construção de mesquitas.

Buscando escapar dessa situação, os Nalus fugiram de Meca para o Mali e, do Mali, para Timbu-Futá, onde enfrentaram uma grande guerra. Posteriormente, passaram por Bidjine e seguiram para Forea. De lá, deslocaram-se para Quedara, na região de Cubussecu, continuando para Tornbalí, Cubucaré e Quitafiné, na atual República da Guiné-Bissau.

Historicamente, os Nalus foram divididos em dois grupos distintos: os “Nalus mansos” e os “Nalus bravos”. Os “Nalus mansos” receberam esse nome pelos portugueses devido à sua disposição em se comunicar com outros povos. Durante a guerra de independência da Guiné-Bissau, os mansos aliaram-se aos portugueses contra os guineenses que pretendiam tomar a cidade de Cacine.

Por outro lado, os “Nalus bravos” viviam em áreas rurais, afastados dos grandes povoados, e evitavam contato frequente com outros grupos. Até hoje, eles residem em comunidades fechadas, fora de Cacine, mantendo seus costumes tradicionais e preservando a língua nalu.

“Esforçando-me por anunciar o Evangelho não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio.” Rm 15:20

01. Onde vivem os Nalus?

Atualmente, os Nalus habitam a região entre o rio Timbale e a margem do rio Cacine, no sul da Guiné-Bissau, estendendo-se até além do rio Nuno, nas terras da Guiné-Conacri. Eles ocupam uma vasta área localizada no sul da Guiné-Bissau, nas florestas de Cantanhez e Catió, uma região rica em biodiversidade, situada no oeste da África

02. As Crenças do Povo Nalu

Os Nalus, originalmente animistas, foram gradualmente convertidos ao islamismo durante os conflitos com os Fulas no século XIX, mantendo práticas animistas e criando um sincretismo religioso. Eles acreditam em Alá, mas também consultam espíritos e entidades sobrenaturais, temendo forças malignas. O medo da morte e do desconhecido é central em sua espiritualidade, influenciando suas crenças e práticas.

03. Alguns dos Costumes do Povo Nalu

Os Nalus têm adotado aspectos culturais dos Susu, como o uso da língua, embora sua própria seja falada fluentemente apenas pelos mais velhos. A sociedade Nalu é comunitária, compartilhando terras e recursos. Praticam poligamia e valorizam tradições familiares. O tempo é visto ciclicamente, focando nas celebrações e na agricultura.

Crenças

As Crenças do Povo Nalu

Antigamente, os Nalus eram majoritariamente animistas. A partir de meados de 1860, durante a guerra de Forea (1860-1888), a etnia Fula começou a introduzir o islamismo entre eles, embora esse esforço inicial não tenha causado um grande impacto. Mais tarde, segundo relatos de Garcia de Carvalho, durante os conflitos com os Fulas, os Nalus foram capturados e convertidos ao islamismo. No entanto, essa conversão foi gradual e incompleta, mantendo muitas práticas animistas. Isso resultou em uma forma de sincretismo, onde o islamismo coexiste com crenças animistas, formando um tipo de henoteísmo animista em que se busca a bênção (baraka) de Alá. Ao mesmo tempo, os Nalus consultam espíritos ancestrais como Neném (Nem’m), os irãs (espíritos), feiticeiros e até os mouros.

A morte é um tema cercado de medo para os Nalus, frequentemente associada ao sobrenatural. Eles acreditam que Benibem, o espírito da morte, recolhe o último suspiro da pessoa falecida, enquanto Fecandó ou Nirihá julgará as qualidades do defunto.

O universo espiritual Nalu é muito diferente do conceito ocidental. Ele é profundamente baseado na relação do indivíduo com seus deuses e espíritos, além de Alá, o Deus islâmico, que eles aprenderam a adorar e servir, buscando principalmente Suas bênçãos. Ao mesmo tempo, o Nalu acredita em uma multiplicidade de seres espirituais: deuses, espíritos dos ancestrais e forças sobrenaturais que influenciam todas as áreas de sua vida cotidiana. Essas entidades são celebradas em diversas festas, cerimônias, rituais e sacrifícios anuais. O Nalu manipula essas forças espirituais para seu próprio benefício, seja para agradar ou neutralizar os espíritos, ou até mesmo para amaldiçoar seus inimigos. Ele utiliza essas forças para se proteger de outros espíritos ou de pessoas mal-intencionadas que acredita estarem prontas para lhe fazer mal.

Embora o Nalu reconheça Alá como um deus de graça, misericórdia e benevolência, ele acredita que Alá é distante e invisível. No entanto, alguns Nalus acreditam que podem receber Suas bênçãos por meio dos “Marabús” (mestres do Alcorão), que ensinam o uso de trechos do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos, em suas decisões diárias.

O medo do desconhecido é um elemento central na vida dos Nalus, que sentem que esse temor os aprisiona e controla. Eles acreditam estar cercados por forças malignas, espíritos e pessoas maléficas, o que alimenta uma sensação constante de perigo. Esse medo não apenas os aflige, mas também os leva a criar cenários e figuras sobrenaturais que, em sua visão, estão prontos para atacá-los e destruí-los.

Alguns dos Costumes do Povo Nalu

O povo Nalu tem rapidamente adotado muitos aspectos culturais da etnia Susu, com quem compartilha a região próxima à fronteira com a Guiné-Conacri. Atualmente, os Nalus falam tanto a língua Susu quanto sua própria língua, embora esta última seja falada fluentemente apenas pelos mais velhos no setor de Cacine. Na região de Catió, os Nalus também falam sua língua nativa, além do Crioulo.

A sociedade Nalu é fortemente comunitária. Esse princípio de comunidade se estende à posse e uso de terras agrícolas, pastagens, árvores frutíferas, áreas de caça, pesca e madeira, bem como a certos bens de consumo compartilhados entre eles.

A família é um pilar fundamental para os Nalus. Qualquer pessoa que se desvie das tradições familiares ou dos costumes religiosos da tribo é vista como traidora e pode ser banida ou perseguida pela comunidade.

O Nalu pratica a poligamia. De acordo com a tradição islâmica, um homem pode ter até quatro esposas, mas entre os Nalus, o homem pode casar com quantas mulheres puder sustentar, independentemente da religião.

A alimentação básica dos Nalus é composta por arroz, carne, peixe (fresco e seco) e caça. A região de Cacine está situada na maior área florestal de Guiné-Bissau. O plantio de arroz é uma atividade tradicional, onde o homem prepara a terra e a mulher faz o transplante do arroz nas bolanhas (arrozais). Durante a colheita, diversas famílias se reúnem para celebrar com grandes festividades.

O conceito de tempo entre os Nalus é cíclico, ligado às atividades agrícolas e às celebrações religiosas. O tempo não é visto de forma linear, como no Ocidente, mas como um ciclo relacionado ao plantio, à colheita e às festas. Datas importantes incluem celebrações islâmicas como o Ramadan e o Tabaski, além das cerimônias locais de fanado (ritos de passagem) e culto ao Macho. Eles se concentram no presente e valorizam os prazeres imediatos, gastando o que possuem em festas e celebrações, sem grande preocupação com o futuro. Ao mesmo tempo, dão grande importância ao passado, especialmente às tradições ancestrais, e se dedicam a manter os costumes da família e honrar o calendário islâmico e os rituais locais. Assim, para os Nalus, não há uma necessidade de planejamento a longo prazo.

Quer ajudar ou contribuir com o nosso projeto?